“Pela janela posso ver: o tempo mudou. Apesar de ser primavera, hoje vai chover bastante. Teremos tempestade, sem dúvida. Nessa noite escura, haverá estrelas caindo em algum lugar, e algum menino viajando mundo afora, sozinho, a procurá-las. Que lá do alto, no céu, as três Marias iluminem seu caminho.” ( de “O livro de Marco”, Flávio Carneiro).
Caminhos estéticos
O espetáculo é uma inspiração poética que viaja pelo trabalho do ator rapsodo. Imerso no texto ‘O livro de Marco’, de Flávio Carneiro, e na linguagem gestual pesquisada pelo ator Vinicius da Cunha, o público contemplará a criação da cena teatral por meio de um texto narrativo performatizado.
O ator rapsodo investiga a relação atoral entremeada da narrativa épica, do distanciamento e da sensorialidade. Esse conceito de ator pressupõe um trabalho intelectual por parte de todos que constroem o espetáculo: o ator, a encenação e o público. O ator, pela proposição sígnica entre texto e gesto. A encenação, pela proposição sígnica entre as partituras do ator, da iluminação, da trilha sonora e dos sentidos. O último, tão importante público, pela ideia final construída a cada partitura – a união e somatização de todas as partituras propositivas da encenação.